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Além da teoria da evolução



Tenho lido alguns livros de ateísmo e o lugar comum nesses livros, além da argumentação pró e contra a existência de deus, é a teoria da evolução. Escritores usam a carta da sobrevivência e da reprodução contra a existência de um deus. O problema é que a ciência, principalmente o tanto que está desenvolvida hoje, não é argumento suficiente para a experiência humana, mesmo que tais escritores achem que uma teoria do séc. XIX pudesse chegar a ter tal poder.


O que vemos na prática são argumentos inverdadeiros sobre a condição humana. Li, por exemplo, que a mulher procura menos parceiros que um homem porque seu papel na reprodução envolve mais entrega do que o papel de um homem. Não bastasse a afronta à realidade que esse estabelecimento significa, uma postura anticientífica, também generaliza a realidade através de bases falsas. Observamos na realidade não só mulheres com muitos parceiros como também mulheres que não desejam ter filhos.

Confesso que acredito que o papel da sobrevivência e da reprodução são importantes; neste momento escrevo para que leiam e não tenho dúvida de que há algo em querer se reproduzir nisso, mas também não acho que tal situação humana seja tangível à ciência da atualidade, tampouco à ciência da metade do séc. XIX.


Acredito pessoalmente que as ciências humanas são a melhor forma de se chegar à verdade quanto a condição humana e, por consequência, também a condição animal. Pois, nos estudando e compreendendo a nossa complexidade, também podemos alcançar a complexidade que um animal pode chegar a obter, na nossa condição também animal.

Lendo textos antigos, podemos observar o que mudou e o que não mudou na condição humana, o que pode ser uma regra de ouro para estabelecer como realmente somos, mas também uma faca de dois gumes para limitar aonde realmente podemos chegar. Em antigos textos egípcios, já vemos proposições de como o humano pobre deve se comportar perante ao rico, e como é feio comer demais nas casas das pessoas quando se é uma visita.


Através de argumentos sociais, e observando como as pessoas se comportam, podemos ter o suficiente para estabelecer a verdade ateísta, não sendo necessário apelar à Biologia, mesmo que fosse bom já termos consciência da inexistência de deus ou deuses com base científica.


Dizem que a ciência nunca se contradisse até então quanto a questão da evolução, o que suponho que seja um encantamento para que os escritores ateístas tentem definir toda a teoria da evolução com base no que conhecemos até hoje. Os fósseis nunca apareceram em lugares errados ou em lugares que sejam contra a ideia de que nos originamos nos mares.


Mas, apesar de tudo isso, muitos ateus, e até instituições ateístas, dizem que basta uma pequena prova da existência de deus para que joguem por terra toda sua noção de ateísmo, tendo em vista que a ciência seria essa entidade perfeita e respaldada que nunca erraria no seu julgamento. O que vemos, na verdade, são correntes contrárias e disputas pela verdade que acontecem dentro da ciência, com pessoas que nunca abandonam suas posturas mesmo depois de várias provas. Então, a proposta de que basta apenas uma prova para jogar o ateísmo no lixo é mentira.


Não passaria a acreditar em deuses mesmo que aparecessem razões para fazê-lo. Isso seria apenas abdicar de tudo que estrutura meu pensamento quanto à inexistência de um deus, algo que não estou disposto a fazer. Por isso, contestaria tais razões.


A ciência que temos hoje não é perfeita, e isso é fato. Inclusive, perfeição na ciência seria um conceito no qual não teríamos aonde ir, nem pra onde voltar, se tal perfeição fosse possível, o progresso se extinguiria.


O que peço aos ateus, como ateu que sou, é que não usem o ateísmo como mais uma ferramenta opressiva, como já é a religião e o uso da ciência abordado. Isso serve apenas para esmagar as minorias e criar um outro mundo “ideal” onde nada fora da “racionalidade” poderia acontecer. Posso dizer com segurança que nunca vi nada menos racional do que uma estrutura opressiva que, aí sim, destrói a verdade. Para que ocorra um ateísmo opressor, é melhor nem abandonar a religião que pelo menos aceita a condição humana.


Se a verdade não condiz com a realidade, então é uma verdade que não presta mais. Nesse sentido, deve se atualizar e abraçar novas causas. E posso dizer que apesar da teoria da evolução ter melhorado nosso pensamento e mostrado grandes provas de que é verdadeira, também deixa uma grande sombra que torna nossa busca pela verdade obscura.


REFERÊNCIAS:

Deus, um delírio — Richard Dawkins, 2006

Natural atheism — David Eller, 2004

Ateísmo e Liberdade — André Cancian, 2002

As instruções de Ptah-Hotep, disponível em https://www.gutenberg.org/ebooks/30508

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