de Faisal Khan
Mesmo que Mercúrio seja o planeta mais próximo do Sol, Vênus é o planeta mais quente do Sistema Solar pela transformação que mudou sua atmosfera radicalmente no passado. A média de temperatura da superfície de 462ºC (864ºF) pode derreter Chumbo. Some isto a densa atmosfera contendo 96,5% de dióxido de carbono com chuvas de ácido sulfúrico e o inferno literalmente existe avizinhado em termos astronômicos.
Um estudo recente pelos pesquisadores Michael Way e Anthony Del Genio do Instituto de Ciência Espacial Goddard (GISS) concluiu que as coisas não foram sempre tão ruins como parecem hoje. No contrário, Vênus pode ter sustentando água líquida por 2 ou 3 bilhões de anos antes de o efeito estufa mudar as coisas drasticamente.
"Algo aconteceu em Vênus aonde um enorme montante de gás foi liberado na atmosfera e simplesmente não pôde ser reabsorvido pelas pedras. Na Terra, temos algum exemplo de gaseificação em larga escala, por exemplo, a criação de armadilhas Sibéricas 500 milhões de anos atrás, que estão ligadas a extinção massiva, mas nada desta escala. Transformou completamente o planeta Vênus." - Michael Way.
A dupla simulou 5 diferentes casos baseados em diferentes níveis de cobertura aquática na superfície do planeta, incluindo:
Um oceano de 310m de profundidade.
Um outro mais raso medindo 10m
Um aonde a água estava enjaulada no solo como a Terra
E uma outra aonde Vênus estaria completamente submergida (158m)
As simulações foram rodadas em um modelo geral de circulação 3D, variando as condições atmosféricas e os aumentos na radiação solar para representar as reais mudanças durante o tempo. O período de tempo em consideração foi de 715 milhões de anos atrás, 4,6 bilhões de anos atrás e a atualidade.
Cada simulação resultou no planeta permanecendo entre uma faixa de temperaturas habitável (20ºC a 50ºC) aonde a água pode existir em forma líquida. Mais encorajante é o fato de que a simulação demonstrou que Vẽnus poderia sustentar estas temperaturas por 3 bilhões de anos. Tão possível, considerando que Vẽnus cai na zona habitável de Goldilocks do Sistema Solar.
Vênus tem um processo de formação um tanto similar com o processo da Terra. Quando surgiu 4,2 bilhões de anos atrás, o planeta esfriou rapidamente enjaulando a maior parte do dióxido de carbono da crosta com uma atmosfera rica em nitrogênio e pequenas quantidades de dióxido de carbono e metano restantes na atmosfera, semelhantes ao nosso próprio planeta.
A equipe sugere que, por volta de 700 a 750 milhṍes de anos atrás, uma sobregaseificação de dióxido de carbono por causa de atividades vulcânicas intensas jorraram o magma derretido antes de esfriarem para formarem uma espessa camada de proteção, prevenindo que o dióxido de carbono da atmosfera fosse reabsorvido, desencadeando um processo de efeito estufa, que enjaulou todo o dióxido de carbono da atmosfera, tornando-a mais grossa e quente até que atingiu os níveis dos dias presentes.
A equipe ainda está procurando por evidências conclusivas sobre a possibilidade de a condensão da água ter tomado forma em um passado distante ou se a sobregaseificação foi um efeito único ou se o aquecimento do planeta foi resultado de eventos múltiplos como este.
As pesquisas estão apresentadas no Encontro Conjunto EPSC-DPS de 2019.
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